PRINCIPAIS TIPOS DE PASTAGENS
Principais Tipos de Pastagens Forrageiras
Antes de tratar dos tipos de pastagens, é importante frisar que o Brasil guarda uma grande vantagem competitiva na produção de carne bovina quando comparado aos demais países produtores, na medida em que o nosso ambiente de clima tropical e a topografia permitem a criação de gado a pasto, com custos de produção reduzidos e menor deposição de gordura na carcaça, atendendo a uma tendência global de consumo de carne mais saudável.
É de suma importância, portanto, entender quais são os principais tipos de forrageiras, seus aspectos morfológicos (aqueles relacionados à estrutura da planta) e fisiológicos (aqueles relacionados ao funcionamento da vida vegetal)[1].
O autor Sylvio Lazzarini ensina que toda planta forrageira apresenta pontos de crescimento, denominados gemas (ou meristemas), dos quais surgem novos brotos, com maior valor nutricional para o gado.
Assim, no manejo das pastagens, é importante que se realize o controle para que a altura do pastejo não atinja a altura das gemas, de modo a prejudicar a recuperação do pasto, permitindo a entrada de plantas invasoras e a degradação da pastagem.
Cada tipo de forrageira apresenta características particulares e, portanto, uma necessidade de manejo específica. Dentre tais peculiaridades, destacam-se aquelas relacionados ao crescimento das gramíneas, podendo classificá-las como de crescimento
(i) cespitoso, no qual o crescimento da planta ocorre de forma perpendicular ao solo, tais como o capim elefante, o colonião e o andropogon;
(ii) decumbente, no qual o crescimento dos caules se dá encostando ao solo, elevando a extremidade, como a Brachiaria decumbens;
(iii) estolonífero, no qual os caules são superficiais, os nós ficam em contato com o solo e originam novas plantas, como a Brachiaria humdicula; e
(iv) rizomatoso, no qual os caules se desenvolvem por baixo da terra, como é o caso da grama bermuda.
O manejo das plantas de crescimento ereto (cespitosas) é mais complexo, já que a elevação permite que o gado danifique as gemas com mais facilidade, prejudicando a recuperação das pastagens.
Dentre as principais espécies existentes, destacamos nesta obra aquelas de maior empregabilidade atual, começando pelas Brachiárias, grupo ao qual pertencem várias espécies e que se adapta muito bem ao clima brasileiro, em temperaturas de 15º C a 30ºC, e pelas Panicum Maximum, já muito utilizado no Brasil quando os solos apresentavam maior grau de fertilidade, mas que foram gradativamente dando espaço para as Braquiárias em razão do processo de degradação das fazendas.
As principais espécies do grupo Braquíária são:
Decumbens, de crescimento decumbente, suscetível à cigarrinha das pastagens, potencial causadora de fotossensibilização em animais jovens, porém, indicada para vedação de pastos para a época das secas, já que seu valor nutricional se perde lentamente;
Brizantha, espécie que envolve uma série de cultivares, como o Marandu, também chamado de brizantão ou braquiarão, que exige solos de média e alta fertilidade, indicada para vedação para a seca, resistente à cigarrinha, além do Piatã, cujas características são semelhantes;
Ruziziensis, bastante utilizada no sistema de Integração Lavoura-Pecuária para cobertura de solo em plantio direto, exige solos de média e alta fertilidade e assemelha-se à decumbens, mas é de porte maior e muito suscetível à cigarrinha; e
Humidicola, com pouca exigência de solo, tolera solos ácidos, baixa produtividade, com florescimento concentrado no verão.
Já no grupo Panicum Maximum, destacam-se:
Capim Mombaça, de crescimento cespitoso alta produtividade (até 165t/ha/ano) e alta demanda por solos férteis, não apresenta problemas com pragas, embora o esporão possa inutilizar a produção de sementes, podendo atingir 1,7m de altura;
Capim Tanzânia, de crescimento cespitoso, alta produtividade (132t/ha/ano) e alta demanda por solos férteis, podendo apresentar problemas com esporão e lagartas e podendo atingir 1,2m de altura;
Capim Massai, de crescimento cespitoso, com exigência de solos de média e alta fertilidade, tolerante à saturação por alumínio e resistente às pragas, podendo chegar a 0,6m de altura; e
Capim Colonião, de crescimento cespitoso, com pouca exigência de solo, alta resistência às cigarrinhas e grande capacidade de perfilhamento, com touceiras de até 2m de altura e diâmetro.
Percebe-se que ao longo dos anos, com a queda na fertilidade dos solos decorrente da falta de reposição de nutrientes e equívocos no manejo das pastagens, os pecuaristas deixaram de utilizar espécies mais produtivas e passaram a utilizar aquelas menos exigentes em termos de qualidade de solo.
Obviamente, essa equação implica em menor valor nutricional para o gado, em menor desempenho do ganho médio de peso diário, baixas taxas de lotação e menores margens de lucro, gerando um “empobrecimento gradativo” do pecuarista, o que muitas vezes conduz ao endividamento e à necessidade de vender a propriedade.
A recuperação dos solos está intimamente atrelada à qualidade das pastagens e, por conseguinte, aos resultados econômico-financeiros da atividade pecuária.
No contexto da recuperação dos solos, destacamos a necessidade de acompanhamento técnico para a realização de análises de solo, adubação, calagem e adoção de métodos de pastejo rotacionado, observando-se sempre a altura de entrada e saída do pasto para cada tipo de forrageira.
[1] LAZZARINI, Sylvio. Manejo de Pastagens. 3ª edição. Editora Aprenda Fácil, 2017, p. 24.