O AGRONEGÓCIO E A VALORIZAÇÃO DAS TERRAS NO BRASIL
Antes de falar sobre o agronegócio e a valorização das terras no Brasil é importante mencionar que o Banco de Terras procura produzir conteúdos de qualidade para os produtores rurais e aos demais interessados no agronegócio, além, é claro, de conectar compradores e vendedores de imóveis rurais em todo o Brasil, com profissionalismo e assertividade.
Nesse contexto, decidimos compartilhar com nossos leitores uma pequena análise do que o Agro representa para o País.
Sumário
I. Entendendo o Agronegócio
II. Como o desempenho do Agronegócio influencia no preço das terras?
III. Conclusão
I. Entendendo o Agronegócio
Na contramão do que muitos imaginam, o agronegócio não é composto apenas pelas atividades rotineiras de uma fazenda, como plantar e colher soja, cana, café, milho, algodão, criar gado de corte ou produzir leite.
Responsável por quase ¼ do Produto Interno Bruto do País, a complexidade do Agronegócio é muito maior do que a soma das atividades desenvolvidas da porteira para dentro.
O Agronegócio é composto por um conjunto de atividades e pode ser compreendido a partir da análise de quatro segmentos, a saber:
(1) oferta de insumos para a agropecuária;
(2) agropecuária;
(3) agroindústria; e
(4) distribuição.
A oferta de insumos agropecuários é a atividade que ocorre “antes da porteira”. Nesse segmento, encontramos as indústrias produtoras de sementes, defensivos, fertilizantes, medicamentos e maquinário.
Antes da porteira estão compreendidas também as atividades de consultoria e planejamento agronômico e florestal, assessorias contábil e jurídica, enfim, uma ampla gama de prestadores de serviços em geral, que são suporte a atividade agropecuária.
Logo, o primeiro eixo do Agronegócio não é composto apenas por indústrias, mas também por aqueles que prestam serviços de apoio ao produtor rural.
No segundo eixo do Agronegócio, temos a presença da atividade agropecuária propriamente dita, que consiste no grupo de atividades que usa a terra como fator de produção, seja para o plantio de culturas, para a criação de animais ou para o plantio de florestas, por exemplo.
O segmento agropecuário pode ser dividido em pelo menos duas espécies de atividades: a agricultura e a pecuária.
Aliás, esse é o público que compõe a clientela do Banco de Terras.
Já o terceiro eixo do Agronegócio é representado pela atividade agroindustrial, que compreende a indústria de transformação dos bens de origem agropecuária, como, por exemplo, frigoríficos, esmagadoras de grãos, cotonifícios, laticínios, usinas de etanol etc.
No Brasil, para efeitos de cálculos da dimensão do Agronegócio, considera-se agroindustrial até a 3ª transformação do produto agropecuário.
Por fim, temos o segmento da distribuição dos produtos agropecuários e agroindustriais, que ocorre pelo varejo e pelo atacado, envolvendo exportadoras, transportadoras, postos de gasolina, supermercados, cerealistas, traders etc.
Analisadas conjuntamente, as atividades acima recebem a denominação de Complexo Agroindustrial (CAI).
Quando a tais atividades somam-se as de fiscalização, ensino, pesquisa e financiamento, tem-se um Sistema Agroindustrial (SAG).
Agora que você compreendeu um pouco mais sobre a dinâmica e a composição do Agronegócio e percebeu a sua verdadeira dimensão para além das porteiras, vamos entender como seu desempenho influencia o preço das terras no Brasil.
II. Como o desempenho do Agronegócio influencia na valorização das terras no Brasil?
Historicamente, cada região do Brasil foi desenvolvendo um determinado tipo de cultivo, a depender das características do solo, da capacidade hídrica e da localização em razão do mercado consumidor ou do ponto de escoamento dos produtos agropecuários e agroindustriais.
Vamos considerar aqui, para efeitos meramente didáticos, o caso da soja.
O Brasil é o maior produtor mundial do grão, responsável por 135,409 milhões de toneladas, produzidas numa área plantada de 38.502 milhões de hectares e produtividade de 3.517kg/ha, conforme informações da CONAB (levantamento de 05/2021).
O plantio intensivo da soja ocorre em vários Estados, notadamente no MT, PR e RS.
Atualmente, um hectare produtivo em Sorriso/MT, município de maior representatividade no setor, custa, em média, R$ 100.000,00, de acordo com levantamento realizado pelo Banco de Terras em 11/10/2021, sendo possível encontrar regiões ainda mais valorizadas, em razão de características específicas.
Em 2010, o valor do hectare ali não chegava a R$ 10.000,00[1].
O aumento do valor se deve a vários fatores, dentre os quais destaca-se o enorme aporte de recursos na recuperação de pastagens degradadas pela pecuária extensiva, feito por grupos empresariais para a produção de grãos.
Como isso é feito maciçamente, os preços praticados para terras de cultura acabam influenciando toda a região.
Outro exemplo é o da região de MATOPIBA, formada por áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, cujo desbravamento implicou na supervalorização das terras de alguns municípios.
Além do desenvolvimento do Agronegócio, com o boom das commodities, uma taxa básica de juros inferior ao que se praticava historicamente no Brasil e o desenvolvimento da infraestrutura em algumas regiões são fatores que têm levado produtores e investidores a comprar terras, criando um movimento “altista”.
Vale lembrar, ainda, que o Agronegócio tem ganhado players de peso, como fundos de investimento imobiliário e empresas de capital aberto que focam no mercado imobiliário rural a partir da aquisição de áreas de pastagem, correção de solo, adoção de métodos para aumento de produtividade e posterior revenda dos imóveis.
É o caso da Brasil Agro, por exemplo, que adquiriu uma fazenda por R$ 30 milhões, em 2007, e a vendeu em 2021 por R$ 689 milhões [2]
O movimento de alta no valor das terras tem chamado a atenção de investidores institucionais estrangeiros.
Embora a legislação brasileira traga restrições, o fundo de investimentos de Harvard, por exemplo, adquiriu centenas de milhares de hectares na região de MATOPIBA, por intermédio de participação societária em empresas locais.
III. Conclusão
Percebe-se que o aumento das terras no Brasil tem origem em diversos fatores, como o incremento do Agronegócio, o aumento de produtividade agropecuária, a explosão de preço das commodities agrícolas, a valorização do dólar, a especulação de investidores estrangeiros e a expansão de fronteiras agrícolas.
[1] (fonte: https://sistemafamato.org.br/portal/famato/arquivos/Planilha_Referencial_de_Preco_de_Terras_do_INCRA-MT_2010.pdf)
[2] https://www.infomoney.com.br/mercados/brasilagro-agro3-vende-fazenda-por-r-589-mi-na-maior-negociacao-da-historia-e-credit-destaca-melhor-momento-da-companhia/